Meu senso estético
vive em permanente estado protético
de um ciborgue.
Sobe e desce,
vai e volta,
segue sempre em vira-voltas.
Meu sempre é sinuoso, terminal,
viscoso como um estranho animal.
Meu ser é eros, minha mente apolo,
existo entre deuses que invento, sem nome,
minha imaginação é um pronome de eus,
nós, vós, e algumas vezes eles.
Deliro com a lira nas mãos, nos olhos, na pele,
na língua.
Algumas vezes sou pantera contando as grades de minha cela,
indo e vindo, enclausurado num poema de Rilke.
Outras vezes só nuvem de Maiakoviski,
noutras, sou um nada, uma tutaméia sem graça.
Um Riobaldo, um Diadorim, no meio de um redemunho.
No fundo quero o uno, o reunir, no raso, sou só isto:
este, oeste, norte e sul.
Este desejo perdido no azul
encontrado no verde,
molhado no vermelho,
seco no amarelo,
negro da escuridão de um você misterioso,
alvo que não atinjo mas almejo.
Solo Uni-verso crescendo na experiência de sendo
imitando o fazer-se do mundo.